
Dead Parrot resgata sonoridade do rock clássico setentista com pitadas de stoner em seu primeiro EP
20 de fevereiro de 2017Lançado no final de 2016, o primeiro EP do quarteto de Barão Geraldo Dead Parrot mostra uma deliciosa mistura de influências de bandas clássicas dos anos 70 como Led Zeppelin e Black Sabbath com pitadas de stoner rock e folk. Formada por Mariana Ceriani (vocal), Victor Vianna (guitarra), Matheus Stoshy (baixo) e Bruno ‘Bill’ Giacomini (bateria), a banda já começou a trabalhar em seu segundo disco.
“Tudo nós fizemos por conta própria, desde a composição até a gravação, masterização e mixagem. O Victor e o Stoshy ficaram responsáveis por essa parte técnica. A capa e o logo foram amigos nossos que fizeram, sendo a capa da artista visual Carol Nazatto e o Logo de Dan Lemos“, explica Mariana.
Conversei com a banda sobre o primeiro trabalho, a cena independente, suas influências e muito mais:
– Como a banda começou?
– O nome Dead Parrot vem do Monty Python, certo? O público costuma entender a ligação? Qual a ligação do som da banda com o grupo inglês?
Victor: Sim, o nome é referência à sketch do Monty Python. Foi um processo muito longo e complicado a escolha do nome da banda, eu particularmente sou muito fã do grupo inglês e durante o processo de ideias, pensei em algumas sketchs que eu gostava que talvez tivessem um bom nome pra banda, dentre outras ideias essa foi a que prevaleceu por ser um nome não muito complexo e fácil de lembrar. O nome é mais uma homenagem ao grupo do que uma influência no tipo de som mesmo, tentamos não nos prender a nada pra fazer as músicas para que elas saiam mais naturalmente. Algumas pessoas que conhecem bem o Monty Python já percebem a ligação na hora, mas nós também não fazemos questão de expor a referência, é mais o nome de batismo da banda mesmo.
– Quais as suas principais influências musicais?
Mariana: Janis Joplin, Jeff Buckley, Led Zeppelin, Queen of the Stone Age, Black Sabbath… Curto umas coisas mais novas também como The Dead Weather e Blues Pills, bandas que me inspiram muito também e acho que tem a ver com nosso som.Victor: Da minha parte, Led Zeppelin, Black Sabbath, System of a Down, Rush e Yes.
– Vocês acabaram de lançar seu primeiro trabalho, que já recebeu bastante elogios. Podem me falar um pouco mais sobre ele?
Mariana: Eu vejo nosso primeiro EP como uma fusão de pessoas que são muito complementares, que acabaram formando uma identidade por conta das afinidades musicais e pessoais, e isso reflete no nosso som. No começo da banda, eu e o Victor ficávamos à frente da composição. Com a chegada do Stoshy e do Bruno, que sempre vêm com várias ideias para músicas novas, esse processo só se intensificou e a gente começou a compor várias músicas em uma tacada só, e é uma característica que a gente vem mantendo.
Matheus: O EP cristaliza um pouco de cada uma das influências. Rock clássico presente na “Way Ouy” e “Lying Demon”. Já “Man is Wolf to Man” remete muito a um stoner e “Nomad” é um Folk. A temática vai de temas obscuros como a “Lying Demon”, que tem influência de Black Sabbath até uma voz mais reflexiva do mundo atual e seus problemas relacionados ao capitalismo como a “Man is Wolf to Man”.
– E como está sendo o retorno do lançamento? Já tiveram resposta de quem ouviu?
– Como está a cena independente de Campinas hoje em dia? Ela já foi bem forte, desde o Junta Tribo e a enxurrada de bandas campineiras de qualidade como Muzzarelas, Violentures e Coice de Mula. Como está atualmente?
Mariana: Nós podemos falar como atual a cena de uns 5 anos pra cá, que é quando a gente começou a frequentar os rolês, conhecer as bandas daqui e tudo mais. Podemos citar bandas muito boas como a Lisabi, que teve projeção internacional e nacional, e a principal hoje em dia nós vemos que é a Francisco El Hombre, que tá sendo muito bem reconhecida na cena. Nós somos muito parceiros também da Circus Boy, o Victor e eu tocamos com eles já algumas vezes, e eles estão para lançar um EP novo. Tem também a Freak Company, uma banda muito boa de stoner que gravou um EP lá nos EUA e tem tido bastante destaque na cena autoral brasileira. Atualmente, vejo que a cena tá voltando a reacender, vamos ter em abril o Grito Rock que vai ser em dois dias e vai trazer várias bandas da região pra cá.
– Mas e os lugares para tocar? Isso é uma das maiores reclamações que as bandas independentes de todo lugar tem.
– E como fazer para atrair a atenção do público e fazer esse jogo virar?
Mariana: Eu vejo que quando as bandas se apoiam, e eu digo bandas que não sejam apenas da ‘panela’ mais conhecida, a chance de atrair mais gente é maior, porque junta o público de uma e de outra, e acaba agregando muito mais a um evento. Isso não acontece só com bandas da sua própria cidade, mas de outras também. Essa troca é essencial para acontecer, porque é muito difícil você fazer shows em outra cidade por exemplo se você não conhece o produtor de determinada festa, ou o dono de uma casa, enfim, esse apoio entre as bandas é essencial. Principalmente em começo de carreira quando você ainda não tem um nome muito grande.
– Como vocês veem o rock hoje em dia? Um retorno às paradas do Mainstream é importante (ou necessário)?
Bruno: O retorno do rock ao mainstream seria talvez necessário para fomentar o surgimento de mais bandas de rock autorais, mas tenho minhas dúvidas se considero importante o rock ser mainstream para ser significativo. Muito do que gosto no rock nasceu fora do mainstream e tende a ficar cada vez mais estático depois de “mainstreamizado”. Acho muito mais interessante ver o que as pessoas conseguem desenvolver enquanto permanecem no underground do que ver o que elas produzem depois que os holofotes já estão nelas.
Mariana: Então, é complicado também moldar o seu som de acordo com o mainstream, com o que as pessoas estão ouvindo mais recentemente. acho que nós enquanto banda autoral de rock independente temos essa preocupação de nos mantermos fiéis a nossa essência e ao nosso som do que deixar ele mais ‘palatável’ a ouvidos alheios.
– Quais os próximos passos da Dead Parrot?
Mariana: No nosso Primeiro EP, que lançamos em dezembro, nós ficamos o ano inteiro focados em compor, produzir, gravar, masterizar e mixar todo o material por conta própria. A gente ficou realmente imerso em todas as partes da produção do EP. Agora, queremos mesmo é propagar nosso som e fazer mais shows pela região, e quem sabe pelo Brasil (risos) e também já temos material para um próximo EP.
– Recomendem bandas e artistas (de preferência independentes) que chamaram sua atenção nos últimos tempos!
Bruno: Odradek, Novonada, Falsos Conejos, Mahmed, Aeromoças e Tenistas Russas, SVDR, Apanhador Só.
Mariana: Inky, Odradek, Far From Alaska e Metá Metá. Lá fora eu tenho pirado no som das minas do Warpaint.
Bruno: Das gringas, BadBadNotGood.
Victor: Odradek, Inky e Hellbenders.
Matheus: Russian Circles, Toro i Moi, Pata de Elefante e Camel Driver, The Machine, Carne Doce.
Mariana: Verdade! Tinha esquecido, Carne Doce ❤ e Boogarins!