
5 Pérolas Musicais escolhidas a dedo por General Sade, da Porno Massacre
19 de agosto de 2016Todo mundo tem seus gostos, preferências e, é claro, seus garimpos no mundo da música. Com certeza tem alguma banda ou artista que só você conhece e faz de tudo para espalhar o som entre seus amigos e conhecidos. “Todo mundo precisa conhecer isso, é genial!” Se você é aficionado por música, provavelmente tem uma pequena coleção pessoal de singles e discos que não fizeram sucesso e a mídia não descobriu (ou ainda vai descobrir, quem sabe) que gostaria que todo o planeta estivesse cantando.
Pois bem: já que temos tantos amantes da música querendo recomendar, o Crush em Hi-Fi resolveu abrir esse espaço. Na coluna “5 Pérolas Musicais”, artistas, músicos, blogueiros, jornalistas, DJs, VJs e todos que têm um coração batendo no ritmo da música recomendarão 5 músicas que todo o planeta PRECISA conhecer. Hoje o convidado é Roger Marinho Martin (ou General Sade, no palco), compositor, vocalista e gaitista na banda Porno Massacre, parte do “Coletivo Seres em Trânsito” de estudo de performance e intervenção urbana, ator no Núcleo de Pesquisa e Interpretação do Teatro Ágora e fundador da Companhia Cultural 25do7.
Ariel Pink – “White Freckles”
“Eu fui até chato muitas vezes (acho que muitos se lembrarão disso) em como indiquei esse artista, e principalmente esse álbum, para os meus amigos, mas, como não foi suficiente, aproveito para indicar de novo. Ariel Pink é um cara que parece totalmente descompromissado com a sua música, e é isso que faz tudo muito mais legal. As influências pós-punk, pop, góticas, etc, pulam aparentemente sem nenhum critério e vão promovendo mudanças inesperadas, que fazem com que ouvir seus álbuns seja sempre uma surpresa. O álbum que eu considero realmente genial é este “Pom Pom” (2014), que não apresenta um único momento ruim, e olha que são 17 músicas. Dessas, o ápice ocorre em “White Freckles” (algo de DEVO, algo de Gary Numan, algo de trilha sonora do Gaiares do Mega Drive… ou seja, algo muito divertido)”.
Graf Orlock – “Days of High Adventure”
“O Graf Orlock é uma banda de grindcore que mistura diálogos de filmes de ação às músicas, o que lhes rendeu o título de pioneira do “cinema-grind”, gênero do qual eu duvido que haja outra banda. O mais legal é que nessa “Days of High Adventure”, eles incluem também um trecho da música do filme Conan, e o resultado é sensacional (leia-se, música pra sentir o universo em expansão). Um detalhe é que são dois vocalistas e um deles precisa que o ouvinte esteja no clima para ouvir a banda, porque o cara soa como um chihuahua asmático. E no fim isso é ótimo, né? Nada de “easy listening”, uma banda que é um desafio ouvi-la”.
Alec Empire – “Kiss of Death”
“Atari Teenage Riot é muito foda! Mas depois que a banda terminou poucos seguiram acompanhando a carreira solo do vocalista Alec Empire, o que é uma pena. Ele deu uma limpada nas camadas de distorção que às vezes soterravam as músicas do ATR, e conseguiu fazer algo mais, digamos… palatável (se é que essa é a palavra certa quando se trata de Digital Hardcore, rs). Bom, e apesar de meu ábum preferido do cara ser The Golden Foretaste of Heaven (2007) essa “Kiss of Death” é do álbum anterior, “Futurist” (2005). É quase Iggy Pop junto a uma base de bateria e guitarra eletrônica meio desgovernada e que dá um sentido de urgência, força e velocidade! Você escuta, levanta, e sai correndo pela rua porque essa música merece”.
Laranja Freak – “Sempre Livre”
“Ouvi esses caras no extinto e saudoso Musikaos, que o Gastão Moreira apresentava na TV Cultura. Logo que ouvi, corri pra Galeria do Rock, procurar algo da banda. Na Baratos & Afins havia apenas uma fita cassete mequetrefe do álbum deles, Brasas Lisérgicas, e que custava o olho da cara (ao menos pra mim, mero cabulador de aula juvenil). Esperei, esperei, e muito tempo depois consegui colocar as mãos em um CD. Essa música era a que havia ficado marcada para mim, “Sempre Livre”. Creio que ela representa o quão única é essa banda. Algo jovem-guarda atualizada, Paulo Sérgio ressuscitado e cantando para as plateias de hoje, Erasmo Carlos pós o embuste do bug do milênio! Sei lá, uma ruptura no espaço-tempo, mas dançante pra burro!”
Eletrofolk – “Baião”
“Uma das melhores coisas de se ter uma banda é circular com ela pelas casas e palcos e encontrar a diversidade do que vem se criando por aí. E não é pouca coisa. Com muita qualidade, dedicação… é realmente um presente poder viver tudo isso e fazer essas amizades com essa galera monstra que tá solta por aí. Não poderia, portanto, passar sem deixar aqui uma banda da atualidade, e com quem, felizmente, já tivemos o prazer de tocar juntos algumas vezes. Trata-se do Eletrofolk: músicas bem construídas, show divertido e dinâmico, galera atuante na cena… eles têm de tudo. As músicas são muito boas, mas a que realmente me chamou a atenção foi essa “Baião”. A música apresenta mudanças de tempo e ritmo na tradição das epopéias sonoras como “Bohemian Rhapsody” e “Paranoid Android”, e ainda incorpora a sonoridade nordestina de forma orgânica. É um puta som! E que mexe diretamente com as minhas raízes cearenses! (risos)”
Bonus Track:
Mindless Self Indulgence – “Bring The Pain”
“Lá pelos idos de 1999, eu estava em um show do Marilyn Manson, em Long Island,com uma amiga romena, que tinha usado de tudo e mais um pouco, e justamente por isso, desmaiou no show… Eu, carregando ela pra fora, descobri que havia perdido os únicos 50 contos capazes de levar a gente pra casa (passagens de trens e etc). E foi aí que encontramos um cara distribuindo umas fitas cassetes que ele dizia ser da banda dele… E depois, ouvindo, achei bem legal, e eram esses tais “Mindless Self Indulgence”. A fita continha essa música e uma tal “Panty Shot” (bem legal também). Conseguimos, por fim, conseguir uma grana “emprestada” com umas meninas que estavam bem loucas e animadíssimas saindo do show (uma inclusive “vestindo” algo que seria deveras acintoso para a tradicional família brasileira, (risos)) e tomamos todos o trem juntos e voltamos em segurança. Eu, obviamente, com a minha “fitinha” do Mindless no bolso. Meses depois, fui numa festa de rua que estava rolando, e esses caras estavam tocando em cima de uma espécie de trio elétrico… me perdi… Não sei se ainda me encontrei. (risos)”